La Macaronésia

A Macaronésia é uma região biogeográfica composta pelos arquipélagos atlânticos dos Açores, Madeira, Selvagens, Canárias e Cabo Verde, embora, do ponto de vista biológico, seja costume incluir, também, uma franja do noroeste de África, próxima das Canárias – denominada “enclave continental macaronésico” -, a qual apresenta um alto grau de afinidade com as nossas ilhas, sobretudo no que respeita a flora. Devido à considerável diferença latitudinal entre os distintos grupos de ilhas, existem grandes contrastes entre os dois extremos desta região, Açores e Cabo Verde, sendo muito maior a semelhança entre a Madeira, as Selvagens e as Canárias, que formariam a chamada “Macaronésia Central”. Também se fala de “Laurimacaronésia” para referir o conjunto formado pelos três arquipélagos mais setentrionais, Açores, Madeira e Canárias, uma vez que em todos eles crescem os bosques de Laurissilva ou “monteverde”; e inclusive propôs-se “Termomacaronésia” para o caso da Madeira, Canárias e Cabo Verde, porque neles existe um vínculo comum, representado pelos bosques termófilos.
O termo “Macaronésia” deriva de duas palavras gregas, makaron, que significa “afortunado” ou “feliz”, e nesoi, que é “ilha” ou “conjunto de ilhas”. Assim, a tradução para português será “ilhas felizes” ou “ilhas afortunadas”. Esta terminologia foi usada pela primeira vez por botânicos, especificamente por Philip Barker Webb, em meados do século XIX, e desde então generalizou-se de tal modo que é utilizada em âmbitos que nada têm a ver com o científico.
O Atlântico é um oceano relativamente jovem. Na área da Macaronésia concorrem dois influentes factores, relacionados tanto com o anticiclone dos Açores como com a Corrente do Golfo. A Corrente das Canárias é uma ramificação descendente da do Golfo que flui na direcção Sul - Sudoeste, transportando águas frias desde latitudes setentrionais. Aliada aos ventos alísios que sopram regularmente de NE durante a maior parte do ano, contribui em grande parte para suavizar as condições climatológicas dos arquipélagos situados mais a Norte. É o caso das Canárias que, pela sua situação subtropical e proximidade do Saara, o maior deserto do mundo, poderia ter um clima muito mais árido.
O upwelling é um fenómeno muito particular que consiste na subida ou afloramento das massas de água profundas junto à costa africana. Estas são ricas em nutrientes e vão ocupar o espaço deixado pelas águas superficiais, que, já longe da costa, se deslocam para oeste, pela acção dos ventos alísios que, como referimos, sopram de um modo constante e intenso durante alguns meses do ano. Junto à faixa marítima continental, essas águas profundas, carregadas de nutrientes, geram um banco pesqueiro de grande importância económica. Investigações recentes demonstraram as repercussões que o upwelling produz sobre a fauna marinha, concretamente no caso das Ilhas Canárias, onde se constatou que, em determinados meses do ano, os filamentos superficiais procedentes das zonas de afloramento saariano podem alcançar algumas das ilhas – chegando, por vezes, até a El Hierro, no extremo ocidental do arquipélago -, com consequências benéficas para a pesca local, dado que transportam larvas de espécies de interesse pesqueiro.
No Oceano Atlântico coexistem vários tipos de massas de águas, caracterizadas por diferentes valores de salinidade, densidade e temperatura, e situadas a níveis batimétricos distintos, em função da latitude e da longitude atlântica. É igualmente importante assinalar a existência de bancos submarinos, antigamente emersos, e de grande interesse, como o de La Concepción, Dacia, Anike, Ampare ou Unicorn, citando apenas alguns.

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